Tudo bem com vocês?
Comigo tudo ótimo!
Quem acompanha os lançamentos cinematográficos com frequência sabe que no começo de todo ano a imprensa começa gerar um frisson em cima dos favoritos a vencer o Oscar.
Desde o final do ano passado venho percebido um grande reboliço na internet em torno do "Me Chame pelo Seu Nome", principalmente por ter percorrido muitos festivais e ter sido bem recepcionado pelos críticos especializados. Ele chegou no Brasil só 18 de Janeiro e logo corri para assisti-lo.
Enredo
Oliver (Armie Hammer) é um estudante de pós-graduação escolhido para passar as férias ajudando o pai de Elio (Timothée Chalamet) numa pesquisa relacionada a esculturas masculinas da cultura greco-romana. Já é tradição para eles hospedarem um pós-graduando naquele charmoso e bucólico cenário italiano.
O começo da interação entre Oliver e Elio é lenta e focada na exploração de suas habilidades. Os dois personagens são extremamente inteligentes, como ali é um ambiente regado de informações acadêmicas, pode-se perceber até um tom arrogância em seus primeiros diálogos.
Oliver com 24 anos possui uma bagagem intelectual grande e é forte na emissão de suas opiniões. Ele é muito bonito, seguro de si e esbanja um charme natural por onde passa. Nitidamente ele é o cara que sabe aproveitar o momento que vive.
Elio com 17, tem um talento grandioso para compor e escrever suas músicas, além de ser um excelente instrumentista. Também é bonito, mas age de maneira mais desleixada sem medo de se entregar as sensações. Ele é encarregado de apresentar a pacata localidade ao Oliver, provavelmente como isso é feito todos os anos, acaba se tornando mais um tédio para ele.
Aos poucos, Elio nota os gestos, posturas e a forma segura como Oliver se porta, Como eles ficam juntos boa parte do tempo e inclusive, dividem o quarto, um vínculo começa a nascer ali.
O diretor Luca Guadagnino trata de desenvolver essa relação de maneira cuidadosa e complexa. Pois o Elio vive um momento de explorar a sua sexualidade, ao mesmo tempo que ele se envolve com uma garota, nasce um tesão pelo Oliver.
A Poesia
Como você viu, não se trata de uma trama inovadora pois eu acredito que você já deve ter visto esse conceito em algum lugar. O que torna esse filme tão poético é forma como ele é contado. Sem pressa, apresentando elementos que serão utilizados futuramente. Compõe a ambientação do lugar e da época (anos 80) de maneira sutil, nos fazendo viver aquele momento.
Uma câmera parada, preguiçosa, que em muitas vezes continua na cena após os personagens saírem, enfatizando a sensação de férias, descanso e calmaria.
A trilha sonora acompanha a confusão de sentimentos do Elio, expondo um piano estridente e entrando em contrapartida com o local calmo. Em alguns momentos você se depara com disco dos anos 80 em festas e reuniões. Em outro, com uma trilha Indie que ajuda a narrar o teor especial das cenas.
O roteiro segue carga dramática do livro. Em determinados momentos os diálogos se tornam o grande foco da cena trazendo toda o impacto necessário para o momento.
A fotografia de Sayumbhu Mukdeeprom é ponto que achei mais forte do filme. A composição das imagens enchem os olhos com tamanha elegância. Os atores são enquadrados de maneira a explicar suas emoções e trazer sequências lindíssimas.
O romance não seria o mesmo sem as interpretações fantásticas de todos. É uma mistura de linguagem corporal com diálogos fortes, trocas de olhares, gestos e até mesmo o silêncio é utilizado de maneira eficiente.
Os atores que fazem os pais de Elio (Michael Stubarg e Amira Casar) trazem fortes interpretações pautadas na sutileza. Eles sabem da situação que o filho vive e o apoiam o tempo todo. Chegando até a sofrerem junto com ele por entender suas dificuldades e anseios. Ao mesmo tempo sempre discretos e nada invasivos. Tudo isso é contribuição do ambiente de pesquisa liberal e moderno para o seu tempo. Pois, nos anos 80 ocorreram muitas lutas relacionadas a diversas causas e também foi uma época de celebração da liberdade sexual.
Não podemos deixar de falar que os principais dão um show de atuação. Armie Hammer e Timothée Chalamet estão seguros em suas posições trazendo consigo muita verdade para a história. Se não fosse essa química incrível, não veríamos tanto realismo na construção dessa passagem.
Aqui está o vídeo onde eu resumo as minhas impressões. Aproveite e já siga o canal do blog
Espero que você gostem,
Até a próxima pessoal.