domingo, 23 de março de 2014

2 por 1 # Musicais

Há quem dica que musicais são chatos e cansativos mas eu, particularmente curto muito. Hoje, vou falar de dois que eu realmente emocionam.

Vou começar com um bem infantil: Frozen.






"Frozen: Uma Aventura Congelante" (título brasileiro), foi inspirado no conto e fadas A Rainha da Neve e foi um sucesso de bilheteria no mundo todo. Para se ter noção, com ampla divulgação da Disney o filme é a segunda animação mais rentável da história, ficando atrás apenas de Toy Story 3, ultrapassando 1 bilhão de dólares. Além disso, ele é vencedor de Oscar de melhor animação e também melhor canção original.

Dirigido por Chris Buck e Jennifer Lee. Frozen conta a história das irmãs Elsa (quando criança, Eva Bella, adolescente, Spencer Lacey Ganus e adulta, Indina Menzel); e Anna (quando criança, Gabriele, quando um pouco mais velha por Katie Lopez, quando adolescente por Agatha LeeMonn e com 18 anos por Kristen Bell). 
Elsa nasceu com o dom de controlar o frio. Um dia brincando com sua irmã, acidentalmente lhe acerta um raio de gelo. Então, seus pais decidiram isolá-la do reino para que ela não machuque mais ninguém.
Anos mais tarde após a morte deles, elas brigam e Elsa condena o reino a um forte inverno. Triste, ela foge e passa a viver em um castelo de gelo criou. Todos a encaram como uma monstra e a única que acredita em sua inocência é sua irmã. Então ela parte junto com Kristoff (Jonatan Groff), Sven uma rena que se comporta como um labrador e o divertido boneco de neve Olaf (Josh Gad, versão brasileria feito pelo o humorista Fábio Porchat) para acabar com o inverno e ajudá-la a controlar tudo isso.






Se você quer algo bem mais realista sugiro Os Miseráveis.







Dirigido por Tom Hooper, ele conta trajetória de Jean Valjean (Hugh Jackman) que foi preso por roubar pão para dar a sua irmã mais nova. Inspirado em um dos musicais mais bonitos da história, adaptado da obra de Victor Hugo. Tudo se passa no século XIX, bem no meio da famosa Revolução Francesa. Essa é uma das maiores e mais emocionantes dramas de todos os tempos.

Após sua liberdade Jean tenta recomeçar sua vida, porém sofre muito preconceito por ser um ex presidiário e também com a perseguição com impiedoso inspetor Javert (Russel Crowe). 
Ele consegue reconstruir sua vida e acaba conhecendo Fantine (Anne Hathaway), que trabalha arduamente numa fábrica para sustentar sua filha Cosette (Isabelle Allen quando criança, Amanda Seyfried quando adulta) que vive com os Thérnadier (Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen). Após descobrirem que Fantine é mãe solteira, pois foi abandonada pelo pai de Cosette; ela é demitida.

Então, ela é obrigada a vender seu cabelo, dente e até se prostituir para sustentá-la. Mas ela mal sabe que os Thernadier a faz de escrava gastam o pouco dinheiro que ela manda.
Doente, Fantine morre mas, antes disso, Jean Valjean jura cuidar de sua filha e assim a história prossegue.

Com ele, Anne Hathaway recebeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante. O filme também ganhou o Globo de Ouro de Melhor Musical e também pelas atuações de Anner Hathaway e Hugh Jackman.





Qualidade Técnica

É incrível a evolução da Disney no quesito em detalhes. Basta acompanhar Enrolados e Detona Raph. Não é nada fácil reproduzir a neve em 3D tanto em termos de iluminação, cores e fotografia. Tem várias nuances de azul, variedades de cristais de gelo e um cenário incrível inspirado na Noruega. 
Como sempre, ela capricha nas roupas, nas estilizações dos personagens e claro e nas dublagens. As canções foram bem escritas e traduzidas, assim não ficou algo extremamente pop como a produtora adora fazer em seus outros musicais. Afinal seu projeto comemora os 85 anos da produtora que domina esse mercado. Frozen não é um conto de fadas convencional, quem assistir vai notar uma grande diferença nas princesas e os príncipes de Disney, dessa vez, ela optou por focar no amor fraternal, assim como ela fez na parceria com a Pixar em Valente.




Já esse, que tal viajar para França no século XIX? Que cenário fantástico. As Galés foram muito bem reproduzidas. A ótima caracterização mostra realmente a miséria do povo naquela época, diferente de A Menina Que Roubava Livros, onde é tudo bonitinho. As sequências de cenas são ótimas, as atuações então de arrepiar. 

Os efeitos 3D serviram mais para complementar o cenário e foram discretos, mesmo contando uma guerra o foco da produção é o realismo.

Esse musical é inteiramente cantando, são mais de duas horas e meia de pura música e não enjoa. Nunca vi um elenco tão bem selecionado como esse e me surpreendi com a escolha de Russel, Anne, Amanda e Hugh. Nunca pensei que eles teriam vozes bonitas. As crianças também mostraram um carisma fora do comum. Além disso, o filme tem algumas peculiaridades próprias que vão diferenciá-lo do musical para teatro e do livro em si, mas chega de spoilers.

Em 2 por 1, não são feitas críticas e nem avaliação profunda apenas a indicação de 2 gêneros. Os dois focam muito no quesito amor fraternal e são muito emocionantes. Se puderem, assistam a esses dois musicais que foram bem recebidos pela crítica. Abaixo segue seus respectivos trailers. Até a próxima.

Música que eu mais gostei de Frozen:

Versão inglesa: Let it go
Idnina Menzel ganhou o Oscar na categoria melhor canção




Versão portuguesa: Quer brincar na neve?



Trailer:


Canções que eu mais gostei de Os Miseráveis

I dreamed a dream




Look down


Trailer:








Até a próxima e cantem muito!



domingo, 16 de março de 2014

Desejos Ocultos Parte III






- Calma amor, eu posso explicar - comecei a tremer.

- Espero que se explique mesmo - ela me olhava fixamente.

Aproximei me dela e encarei aquele cara com um certo ódio, no fundo, tinha mais ódio de mim. Fraco. Desleal. Eu era pior que ele, porque eu aceitei tudo aquilo? Bastava um simples não e talvez, uns socos. Mas, ela me entenderia? Aceitaria um marido bissexual?

Toquei seu ombro. As palavras saíam sem firmeza. Ele apenas assistia a cena com a mesma cara de deboche.

- Eu te amo mais que tudo. Aquilo foi um erro, eu prometo que vou mudar. Podemos recomeçar.

- Claro amor, justamente por isso o Otávio está aqui - ela sorriu para ele. Não entendi.

- Nunca mais, nunca mais haverá traição entre a gente. Dessa vez, vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.

Ela arregalou os olhos e afastou minha mão bruscamente.

- Do que você está falando?!

- Eu não queria contar agora - ele não conteve o riso - mas como dizem, peixe morre pela a boca.

- Seu desgraçado! O que você veio fazer aqui?! - fui em sua direção já com um soco armado mas ele sacou um revólver.

- Quetinho aí  "Senhor Bi". Gosta de histórias Drica? Vou te contar uma - ele fez um gesto para que nos juntássemos.

- Rafael que é história? Do que ele está falando? Por que você falou em traição? - ela chorava desesperada.

Tentei tocá-la de leve para acamá-la mas ela se esquivou.

- Fala logo - ela insistiu - Primeiro ele vem aqui falando que era o seu amigo e iria ajudar a melhorar o nosso relacionamento, agora você fala isso?

- Não me olhe assim. Quem falou foi você. - ele tirou um pen drive do bolso e colocou no aparelho de DVD. Dei um passo para frente mas ele fez um gesto com o revólver. As imagens apareceram, as mesmas que ele me mostrou no escritório.

Ela ficou em choque. Caiu no chão de joelhos. Estática. Pensei que iria desmaiar porque estava pálida. Aquilo me corroía. Queria que ela me xingasse me batesse, mas a reação foi a pior que eu imaginava. Era burrice esperar uma reação melhor que aquela.

- Acho que ela não curtiu - ele falou me encarando - Pena que não filmei nossa noite, não é senhor bi?

Tinha que por um basta naquilo, era como se fosse uma tortura para nós. Foda-se. 

Parti para cima dele. A arma disparou. O som ecoou por toda a casa. Estávamos no chão brigando trocando murros. Ele era forte. Tive que golpeá-lo no estômago mas ele não queria se redimir. Parecia uma dolorosa queda de braço. Ele esticava no máximo para eu não alcançá-la. 

Não sabia qual era a sua intenção naquela noite, mas com certeza, não era boa. Senti alguém me socando por trás. Não era ele. Ela a Adriana. 

Enfim, ela acordou e com ódio. Era cada um por si.Tentei afastá-la, nesse instante, ele conseguiu se levantar mas sem equilíbrio. Aproveitei e empurrei o na mesa de centro e ele deixou cair o revólver. Adriana pegou rapidamente.

Ela tremia e chorava muito. Ouvi um barulho de porta batendo. Fernando entrou na sala.

- Você se deitou com ele também?! - soletrou cada palavra.

- Meu Deus! Drica! O que é isso?

Ela olhou para ele sem desviar o revolver da gente.

- Você também sabia? 

- Do quê? - Felipe me olhava perplexo - O que você fez Rafael?

- O que nós fizemos - Otávio voltou a provocar - Querida, devolve aqui. Isso não é brinquedo para ficar na mão de mulher.

- Esse desgraçado me traiu Fernando e com homens.

- Que pena, daríamos um trio tão legal ou quem, sabe quarteto Fernando.

- Cala essa droga da sua boca! - ela gritou com raiva.

- Você não puxaria esse gatilho - ele se aproximava lentamente dela.

- Chega mais perto e veremos.

- Para com isso Otávio,essa história não precisa piorar - Fernando tentava amenizar - Drica me entrega essa arma.

- Não confio mais em homens - eu não conseguia mais a reconhecer. Nunca a vi assim. No seu limite. Em ponto de ebulição e pronta para explodir.

Otávio estava cada vez mais perto. Corri para puxá-lo. Ela atirou. Senti um forte ardor no braço esquerdo, minha camisa manchou de sangue. Cai no chão. Vi Fernando lutando contra ele, a casa estava sendo destruída. Levantei cambaleando, precisava ajudar meu amigo. 
Tentei arrancar Otávio dele mas não tinha forças. Adriana correu para cozinha, imagino o que ela foi fazer: chamar a polícia. Tinha um telefone lá.

- Merda  - Otávio rangia os dentes e tentava se livrar do Fernando.

- Por favor! Mande uma viatura para rua Otaviano Pacheco, 485... Briga!... Rápido... Por favor...Eu não sei....3....homens

- Hei, Rafael vai buscar algo para amarrá-lo! - Fernando gritou.

- Mas o quê?

- Qualquer coisa que dê nó. Rápido.

Corri para o meu carro, deveria ter a corda que eu uso para emergências. Abri o porta malas, lá estava ela. Voltei para a sala. Tarde demais, Fernando estava caído no chão com um corte na cabeça, tentando se levantar.

Fui para cozinha, ele estava tentando tomar a arma dela. Enrolei a corda no pescoço dele e o puxei com força. Ele a chutou com forte e a derrubou no chão, ela bateu com a cabeça na mesa e desmaiou. Filho da mãe, puxei a corda com toda minha força, ouvi um estalo. Seu corpo desmoronou em cima de mim. Acho que quebrei seu pescoço.

Fui junto de Adriana, ela estava sangrando. O que eu fiz? Tentava reanimá-la, mas nada. Corri para o telefone chamei o Corpo de Bombeiros. A polícia chegou junto com eles. Fizeram os procedimentos necessários e fomos para o hospital. Otávio foi internado, sofreu uma leve fratura no pescoço, devido ao meu golpe. Precisava de aparelhos para respirar. 

Ela respirava. Isso era bom. Meu sangramento foi estancado, por sorte, foi de raspão.

Horas depois, já de madrugada, na recepção o policial me aguardava, depois dali ainda tinha que prestar depoimento. Meu Deus! Como deixei a situação chegar nesse ponto? Nunca vou me perdoar por isso, ela com certeza não merecia. 

Poderia ter acontecido comigo mas não com ela. Destruí nossas vidas por poucos minutos de prazer. Recomeçar dali, era impossível. Fim de casamento,fim de carreira, fim de tudo...

Fui até o policial ele estava quase dormindo.

- Não pode ser amanhã?

- Você precisa nos contar como aconteceu, você e seu amigo – ele bocejou.

- Pelo menos posso ver minha mulher?

- Aham, só não demora muito. Quando ela melhorar, vou precisar do depoimento dela e do outro carinha, se ele viver.

Acredito que vai sim, mas seria melhor se tivesse morrido. Mas daí eu seria acusado assassinato mais crime além do adultério.

- Nesse caso, vou lá.

Ele foi pegar mais café, eu vi pelo menos 7 copos que mandou para dentro. Estava sonolento demais para se importar com algo.



Fernando saiu de uma sala andando lentamente com a cabeça enfaixada. Veio em minha direção.

 - Você está bem? - me perguntou.

- Tou sim, foi de raspão e você? - falei sem olhar diretamente para ele.

- Vou sobreviver. Deu 5 pontos. Aquele louco sentou um negócio que eu nem lembro no meu crânio. Só sei que doeu - ele riu discretamente.

 - Foi a águia de metal que você me deu de aniversário.

- Maldito presente.

Eu quis rir, mas o momento não deixou.

- Eu vou entender se você não quiser mais me ver.

Ele tocou em meu ombro.

- Você poderia ter me contado.

- Você não entenderia.

- Com certeza não. Mas nunca deixaria de ser seu amigo. 

- Sério?

- Eu estou decepcionado com você. Não pelo fato de ser bissexual, mas pelo fato de tê-la traído. Nada justifica isso. Nada. Ela não merecia.

- Eu sei - não aguentei, comecei a chorar. Ele me abraçou forte. Era o único fio de esperança em meio aquela tragédia.

- Conte comigo sempre mano. Agora chega de melação.

Nesse instante a enfermeira chegou.

- Fernando?

- Sim.

- Ela acordou, se quiser ver a sua mulher. Mas tente ser rápido.

- Ela está bem?

- A princípio não encontramos nada grave, mas o médico lhe dará informações precisas.

E agora? Devo ir? Ela não iria querer me ver. Quem iria? Depois de ser traída. De ser humilhada dentro da própria casa. Mas eu quero vê-la, preciso saber se ela está bem. Mesmo que ela me xingue ou me ignore, preciso vê-la. Qualquer coisa naquele momento me confortaria, até mesmo o seu desprezo. Só queria ter certeza que ela ficaria bem. Espero que não piore a situação.

Entrei no quarto. Ela estava frágil, som dos aparelhos era o único ali. Seu corpo estava cheio de hematomas e ferimentos. Aquilo doía em mim. Aos poucos ela foi abrindo os olhos.Virou a cabeça em minha direção e franziu a testa.

- Adriana?

- Quem é você?





domingo, 9 de março de 2014

domingo, 2 de março de 2014

Desejos Ocultos Parte II






Droga, precisava me controlar senão, botava tudo a perder.

- Não adianta disfarçar, eu sabia desde quando você começou a trabalhar aqui. - ele sorria sarcasticamente.

- Mas que Porra! O fato de você ser meu chefe não te dá o direito de me tratar assim. - tentei encenar.

- Você não acha que isso torna tudo mais interessante? Hein? - Ele se aproximou novamente, me testava de todas maneiras e eu, tentava resistir. Mas minha respiração não deixava. Ele sabia que eu estava nervoso.

Virei em direção à porta, aquela conversa não teria futuro mesmo. Ele me puxou pelo braço com força.

- Hei, espera!

Soltei com um tranco.

- Dá para tirar as mãos de mim?!

- Qual é o problema? Você não era assim com o “Gato Selvagem”...

Puta que Pariu. Ele realmente sabia de tudo, mas como?

- Você tá louco?! - comecei a gritar – Olha eu vou esquecer que você é meu chefe e...

- E o quê? - ele ficou em minha frente, bloqueando minha passagem – Vai foder comigo também? Eu adoraria...

- Chega! Isso já foi longe demais!

- Saiba que eu posso foder muito mais com a sua vida. Sabe por quê? O nosso Gatinho Selvagem é um excelente fotógrafo. E acho que sua mulher e todos o funcionários da empresa iriam apreciar muito o trabalho de vocês.

Sim, Eu saia com o Gato Selvagem, bem antes de namorar a Adriana. Você já deve ter imaginado como começou. Mas eu coloquei um fim nisso bem antes de conhecê-la. Era casual. Sem compromisso. Não sabia que ele tirava fotos com quem ele saía e, muito menos que era tão íntimo do meu chefe.

- Prova – blefei.

- Com o maior prazer – ele foi até o computador e abriu as fotos. Fiquei sem reação. Igor era o seu nome. Moreno, estatura média, tinha o corpo malhado era pelo menos uns 5 anos mais novo que eu. E tinha mais um detalhe, era irmão do meu melhor amigo.

Abaixei a cabeça, meus argumentos se esgotaram.

Ele se aproximou de mim já me beijando. De certa forma ele sabia que estava lutando para resistir aquilo.

- Bom garoto – ele falava com uma intensa respiração. Já sentia suas mãos passando por baixo da minha roupa social. Ele sabia o que queria. Foi abrindo minha camisa, com pressa e ia beijando cada centímetro do meu tórax. E eu continuava imóvel.

- Faz essa droga direito! Ou vai querer que posto tudo isso na internet? - ele apertou ainda mais nossos corpos.

Quer saber? Foda-se. Eu quero sentir essa sensação, é só sexo. É só mais uma aventura, uma forma de sair daquele tédio. Daquela vida monótona. Descarreguei toda a minha tensão nele.

Dessa vez, também fui com vontade. Queria vê-lo, explorar o seu corpo. Assim, continuamos com cada vez mais apetite. Eu o beijava, chupava e o fazia se contorcer de prazer, ele fazia o mesmo. Era isso que eu buscava, aquela sensação de entrega. Ele tinha atitude, estava disposto a me satisfazer então foi nisso que eu me agarrei.

Quando me vi, estávamos nu, em cima da mesa. Era arriscado, diferente, tinha adrenalina. No escritório, nosso ambiente de trabalho.

Ele me tomou por trás, foi descendo a mão. Colocou a camisinha. Já podia senti-lo em mim. Não continha os gemidos e isso o fazia ir mais rápido. Confesso que havia tempo que não fazia aquilo. Realmente nunca esqueceria daquela noite. Chegamos em nosso clímax e ali explodimos de prazer. Não falamos nada, nos vestimos, recuperamos as forças e tomamos nosso rumo.

Cheguei em casa. Não nos despedimos, cada um foi para o seu canto. Ele deveria ter uma família, usava aliança. 

Abri a porta e subi para o quarto, precisava tomar um banho. As imagens daquele ato ainda passavam nítidas em minha mente. Já era 9 horas, não vi Adriana lá, nem na sala. Estranho. Fui na cozinha e nada. Na sala de jantar foi onde a encontrei e tive um choque. Ela, dormindo sobre a mesa preparada com um jantar à luz de velas. Meu Deus! 

Havia me esquecido. A surpresa.

Foi aí que percebi. Isso foi um erro, essa grande noite poderia ter sido com ela. Poderia ter sido diferente. Eu deveria ter dito não. Mas deixei o desejo me tomar, fui fraco. Eu nunca seria tratado assim por ele, era apenas sexo. Tínhamos uma vida, uma relação. Merda, isso tem que parar.

Peguei-a no colo e levei-a para o quarto. Ela estava exausta, ainda bem que não me viu entrar. Ganharia mais tempo para inventar uma mentira. Dormi na sala, com certeza não conseguiria encará-la, mesmo dormindo.

Acordei, a mesa já estava desfeita. Era 9 da manhã. Ela estava na sala assistindo TV. Beijei-a.

- Desculpe, eu estraguei a surpresa – ela me falou sem graça.

- A culpa foi minha que vivo ocupado.

- Somos nós, que vivemos ocupados para nós mesmos – ela subiu em meu colo e me beijou com vontade – Da próxima vez vai dar certo.

Tomara que dê mesmo, pensei. Ela levantou e foi fazer café.

Passamos o final de semana frio, ninguém quis forçar a barra. Minha consciência me fazia lembrar do acontecido a todo momento. Realmente, eu não a merecia.

Segunda-feira, no trabalho eu ainda estava tenso. Ainda não sabia se tinha mais pessoas envolvidas naquilo, era como se fosse uma bomba prestes a explodir.

Entrei rapidamente em minha sala, rezava para não esbarrar com aquele cara. Mas logo apareceu várias tarefas para fazer e fui me distraindo. Horas depois, decidi ir na cozinha tomar café, estava vazia. Sentei à mesa, me concentrei no copo. Fiquei bons minutos ali, até tomar conta que minha culpa não se afogaria em um copinho de café.
Deixei meu copo na pia, nesse instante senti uma mão em minha bunda. Virei e num reflexo empurrei com força.

- Que isso mano? Calma, é só zuera – era o Fernando. Menos mal.

- Por que essa tensão toda? - ele tocou meu ombro.

- Você não vai querer saber – respondi instintivamente.

- Claro que vou, sou seu amigo – olhou me fixamente.

- Com certeza, você não vai querer ser mais meu amigo.

- Vixe, já vi que a coisa é séria.

- Você nem imagina.

- Vou passar na sua casa hoje à noite, pode ser?

- Melhor não. O cli...

- Beleza, depois do expediente – ele me interrompeu, como sempre.

Não respondi. Nesse momento, Otávio entrou na sala já me encarando. Olhei para o Fernando mas ele não entendeu o que estava acontecendo.

- E aí? Vocês estão sentindo dor? - ele me não tirou os olhos de mim – de cabeça?

- Não, por que? - respondi alto e encarando também.

- Não, porque vocês vivem tomando café. Imaginei que estivessem de ressaca. O final de semana deve ter sido ótimo, não?

Quando pensei em responder, Fernando me puxou para fora da cozinha, ele sabia que estava ficando nervoso.

- Hei, ele é seu chefe! - cochichou.

- Foda-se.

Fui para minha sala.

Quase no fim do dia, estava preparando minhas coisas para ir embora. Andei em direção à saída e me deparei com Otávio novamente.

- Mas que droga! Vai me perseguir até quando?

- Eu pensei que você iria querer fazer mais hora extra hoje.

- Sai da minha frente – ele bloqueava meu caminho.

- Eu deixo você me comer hoje – sorriu com deboche.

- Escuta bem – eu o agarro pelo o colarinho – Isso termina por aqui.

- Nossa você sabe ser dominador hein – ele queria me provocar.

- Isso foi um erro e já basta – falei, com raiva.

- Nossa você tem consciência? Legal, não usou ela quando eu estava te fodendo – ele me empurrou tão forte que eu bati com as costas na parede.

- Talvez eu deva refrescar a sua memória.

- Foda-se! - já gritava – Quer postar, posta. Seu verme, seu merda! - quando eu fui partir para cima dele, Fernando chegou.

- Tudo bem aqui pessoal?

- Eu estou ótimo – Otávio disse e saiu andando rapidamente.

- Vamos parar num barzinho e conversar – Fernando me chamou – e sem desculpas.
Fui com ele. Era 6 e 40 da noite.

- E aí? Vai me contar?

- Por favor Fernando, agora não.

A garçonete trouxe o cardápio.

- Vão pedir algo?

- Só cerveja por favor – ele a respondeu.

Assim que ela saiu, retomou.

- Não vou forçar a barra, mas tu sabe que pode contar comigo não é?

- Eu sei.

Ficamos um tempo ali, em silêncio. Apenas tomando umas. Eu não tinha saco para desabafar e também não queria chegar em casa tarde.

- Mesmo assim, valeu pela a companhia.

Ele sorriu com simpatia.

- Só me responde uma coisa.

- O quê?

- O Otávio está metido nisso, não é?

Eu fiz que sim com a cabeça. Ele olhou para mim em desaprovação.
Fomos embora, ele insistiu em me acompanhar até a minha casa. Realmente, Fernando era um bom amigo. Como eu pude colocar tudo a perder? 

Cheguei na porta de casa e tinha um carro parado lá. Já era 8 horas.

Fernando desceu do carro dele e eu desci do meu.

- Parece o carro do Otávio.

Parecia mesmo. Droga, não acredito que aquele desgraçado estava ali. Entrei desesperado e confirmei o que vi. Estava ele e minha mulher sentados na sala.

- Oi amor, que bom você chegou. Precisamos conversar.